Smart City Expo Barcelona: Curitiba projeta futuro com meta Carbono Zero 2050
No último dia do maior evento mundial de cidades inteligentes, capital paranaense apresentou seus avanços e desafios – e antecipou um ambicioso projeto de transição energética em mobilidade. / Fotos: The Builders Paraná
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Por Fabrício Umpierres, editor / somos@parana.builders
Direto do Smart City Expo World Congress, em Barcelona (ESP)
Num evento dominado por pautas europeias, a América Latina aproveitou o último dia do Smart City Expo World Congress 2025 para mostrar em painel no palco principal que sua agenda urbana extrapola desafios conhecidos como desigualdade e mobilidade. Trata-se, sobretudo, de reinventar territórios a partir de soluções adaptadas às pessoas.
Além da participação no painel “Uma conversa global sobre o futuro”, Curitiba – veterana no ecossistema de smart cities e detentora do City Award 2023 – marcou presença como a única cidade brasileira com estande próprio no evento. O espaço reuniu esforços da Agência Curitiba de Desenvolvimento, Vale do Pinhão, Instituto de Cidades Inteligentes (ICI) e do iCities.
Marcelo Fachinello, secretário do governo municipal, sintetizou a estratégia: “a inovação só vale quando muda a vida das pessoas”. Como ele destacou no painel, “o mundo está cada vez mais complexo e as cidades não podem avançar sozinhas. Hoje somos parte dessa rede global de inovação, o que nos impulsiona a particpar de alianças para soluções como digitalização dos serviços e eficiência energética”.
A cidade antecipou durante o evento uma de suas mais ambiciosas iniciativas urbanas dos últimos anos: o projeto Curitiba Carbono Zero 2050 que terá entre as premissas um novo edital de concessão para o transporte coletivo, priorizando veículos elétricos (o que em Barcelona já é realidade). Essa visão será aprofundada durante a próxima edição do Smart City Expo Curitiba em 2026, que acontece na Arena da Baixada, em março.
Para Alexandre Gendanken, presidente do Instituto das Cidades Inteligentes (ICI) – responsável pelo desenvolvimento da tecnologia aplicada por Curitiba – incluindo conectividade e sistemas de saúde, educação e finanças – o evento serve para reforçar conexões e gerar novos aprendizados. “Vimos muitas novidades em áreas como mobilidade, gêmeos digitais, câmeras e monitoramento de imagens. Muitas empresas internacionais vêm oferecer soluções ao Brasil, reconhecendo nosso potencial. Mas, apesar dessas ofertas, o país não está atrasado em tecnologia, inteligência artificial e cidades inteligentes”, afirmou.
Dario Paixão, presidente da Agência Curitiba de Desenvolvimento, destacou a importância do estande unificado das instituições da cidade como um ponto de encontro estratégico com lideranças: “a presença aqui reforça a imagem de Curitiba como um laboratório urbano de escala real. Em 2023, vencemos o City Awards com um modelo que integra tecnologia, sustentabilidade, governança e um ecossistema forte de inovação”.

Segundo ele, a meta é atrair investimentos, talentos e empresas para o território — e parte desse trabalho já foi feita no evento, com novas parcerias estabelecidas com governos, organizações internacionais e empresas interessadas em provas de conceito (POCs) em áreas como mobilidade, energia limpa, segurança e educação.
ÁREAS PERIFÉRICAS GANHAM PARQUES PÚBLICOS
Outro destaque brasileiro no último dia do evento foi o case de Joinville (SC) no painel sobre infraestutura inteligente. O prefeito Adriano Silva, apresentou um panorama da maior cidade de Santa Catarina — uma economia robusta, com forte base industrial, bons indicadores educacionais, mas com significativos desafios de infraestrutura. A cidade acumula cerca de 500 km de vias não pavimentadas, sendo que alguns bairros têm quase todas as ruas de terra. Ao percorrer essas áreas, el identificou uma demanda comum: a ausência de espaços públicos de convivência, especialmente para crianças.
A resposta veio com o programa dos parques comunitários — passeios públicos construídos no meio das ruas ou entre quadras mal urbanizadas, integrando circulação, lazer e paisagem. O projeto foi concebido a partir do diálogo direto com associações de moradores e hoje a cidade conta com quatro passeios entregues e outros 19 a serem construídos.
Como destacou a arquiteta Teresa Lodono, secretária de Turismo de Cartagena das Indias (Colômbia): “hoje as cidades são o grande movimento do mundo. São os prefeitos que transformam os países. A centralização nos país não resolve os problemas mais básicos da população”.
