Estudo lançado pelo MCTI durante a 35ª Conferência Anprotec traça panorama inédito dos parques tecnológicos no país e mostra como esses ambientes vêm transformando conhecimento em desenvolvimento econômico.

Parques tecnológicos crescem 170% em faturamento e consolidam papel estratégico na inovação brasileira

Estudo lançado pelo MCTI durante a 35ª Conferência Anprotec traça panorama inédito dos parques tecnológicos no país e mostra como esses ambientes vêm transformando conhecimento em desenvolvimento econômico. / Foto: Divulgação Anprotec

O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) lançou durante a cerimônia de abertura da 35ª Conferência Anprotec – que acontece até o dia 16 de outubro em Foz do Iguaçu (PR) -, o livro Evolução, Impacto e Potencial dos Parques Tecnológicos do Brasil. A publicação inédita consolida dados, análises e diretrizes estratégicas para o fortalecimento dos ambientes de inovação em todo o país.

Baseado em dados da Plataforma MCTI-InovaData-Br (atualizados até janeiro de 2025), o livro revela que o Brasil conta atualmente com 113 iniciativas de parques tecnológicos: 64 em operação, 42 em implantação e 7 em planejamento. Esses parques em operação abrigam 2.706 empresas e organizações distribuídas por todas as regiões do país, demonstrando a vitalidade do ecossistema.

O estudo propõe um modelo sistêmico de análise fundamentado na Tríplice Hélice (universidade, empresa e governo), destacando o papel dos parques como organizações intermediárias capazes de mobilizar atores e recursos para transformar conhecimento em inovação.

A apresentação foi conduzida por Daniel Almeida Filho, secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do MCTI, com a participação de Adriana Ferreira de Faria, presidente da Anprotec e coordenadora técnica da pesquisa realizada pelo Núcleo de Tecnologias de Gestão (NTG) da Universidade Federal de Viçosa (UFV).

Entre 2017 e 2023, as empresas vinculadas aos 64 parques em operação registraram um crescimento extraordinário:

  • Faturamento total: aumento de 170% no período
  • Faturamento médio por empresa: crescimento de mais de 30%, evidenciando o efeito intensivo do ambiente de inovação
  • Patenteamento: aumento superior a 100%
  • Emprego médio por empresa: crescimento de 26 para 29 funcionários (mais de 10% de aumento)

“Esse efeito intensivo que vem do ambiente provocado pelos parques vai se desdobrar em todos os outros indicadores”, explicou Adriana, ressaltando que entre 2017 e 2023 foram apoiados mais de 14 mil empreendimentos ou projetos, demonstrando o funcionamento do funil de inovação que seleciona e desenvolve as iniciativas de maior potencial.

O PERFIL DAS EMPRESAS

A publicação traz pela primeira vez uma caracterização precisa das empresas vinculadas aos parques tecnológicos brasileiros. Das 2.706 empresas, os dados revelam que 27% do quadro de funcionários é composto por pessoas graduadas e outros 27% por mestres e doutores, confirmando o caráter intensivo em conhecimento dessas organizações.


BAIXE AQUI O ESTUDO COMPLETO:

“Isso é o significado de uma empresa de base tecnológica”, afirmou Adriana, citando estudos da National Science Foundation que indicam que para cada emprego de alta qualidade gerado nessas empresas, são criados mais 2,3 a 2,9 empregos adicionais em toda a economia. “É isso que os nossos parques tecnológicos representam.”

SISTEMA JOVEM E COM POTENCIAL DE CRESCIMENTO 

A coordenadora da pesquisa destacou que os parques brasileiros são relativamente jovens, com idade média de 12 anos e mediana de 8 anos. “São parques muito jovens que precisam ser mantidos, com apoio e financiamento de forma perene, para que de fato eles possam alcançar aquilo que nós esperamos”, alertou.

Os estudos econômicos apresentados no livro mostram que o processo de povoamento de um parque tecnológico segue uma curva exponencial, com ponto de inflexão aos 12 anos de idade e povoamento pleno após 20 anos de operação. “Se nós obtivemos esses resultados com os nossos parques ainda jovens, imagine daqui 10, 15, 20 anos, quando esse sistema de parques tecnológicos que nós estamos semeando hoje se tornarem maduros e alcançarem seu potencial”, projetou Adriana.

NOSSA ANÁLISE: 

O estudo lançado pelo MCTI e Anprotec confirma uma tendência: os parques tecnológicos brasileiros estão entrando em uma fase de consolidação, com resultados tangíveis em faturamento, geração de empregos e transferência de conhecimento.

A combinação entre apoio público estruturado, amadurecimento institucional e integração com universidades e empresas está fortalecendo o papel dos parques como motores regionais de desenvolvimento, especialmente em estados como Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, onde há políticas consistentes e ecossistemas colaborativos já consolidados.

O desafio, agora, é garantir sustentabilidade financeira e continuidade de investimentos, para que o potencial identificado pelo MCTI se traduza em inovação escalável, atração de talentos e impacto socioeconômico duradouro — pilares centrais da próxima década da economia da inovação no Brasil.

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