O século das cidades: uma jornada de aprendizado e inovação
É o momento de repensarmos nossos territórios como espaços de socialização, pertencimento, bem-estar e felicidade, onde cada solução, desde a mobilidade urbana ao meio ambiente, seja criada a partir do compromisso de melhorar a vida dos cidadãos. / Foto: Erwan Hesry (Unsplash)
Por Beto Marcelino
presidente do Conselho do Grupo iCities e colunista The Builders Paraná
Estamos atravessando um período inédito, em que o desenho e a gestão das cidades ganham novos significados. De acordo com o urbanista Greg Clark, o período entre 1980 e 2080, conhecido também como o “Século das Cidades”, é a era em que a qualidade de vida se tornou o foco central no desenvolvimento dos espaços urbanos.
Já nos aproximamos da metade deste período e, nesse tempo, cresceu a consciência de que o verdadeiro avanço não está em prédios mais altos ou tecnologias mais sofisticadas, mas sim em projetar cidades centradas nas pessoas. É o momento de repensarmos nossos territórios como espaços de socialização, pertencimento, bem-estar e felicidade, onde cada solução, desde a mobilidade urbana ao meio ambiente, seja criada a partir do compromisso de melhorar a vida dos cidadãos.
Vejo que o futuro das cidades inteligentes está sendo desenhado diariamente em múltiplas frentes. A inovação continua sendo o motor da transformação, seja por meio de novas tecnologias que melhoram a mobilidade das pessoas, pelas govtechs que apoiam a gestão pública ou pelas metodologias ágeis que abrem caminhos para enxergar e construir cidades de maneira diferente, mais colaborativa. Ao longo dos últimos 14 anos, com o iCities, tenho o privilégio de contribuir para esse debate e para o desenvolvimento de cidades inteligentes no Brasil, e fico feliz em ver o quanto avançamos.
E é com esse sentimento de alegria que me preparo para o Smart City Expo World Congress, em Barcelona, em novembro. O maior evento do mundo sobre cidades inteligentes é uma oportunidade única de trocar experiências com formadores de opinião globais, além de compartilhar a expertise brasileira com uma audiência internacional. Dividiremos um espaço de diálogo e construção coletiva: apresentar o que temos de mais inovador, aprender com projetos inspiradores de outros países e fortalecer redes de colaboração que rompem fronteiras.
Nos últimos anos, testemunhamos avanços concretos em áreas como mobilidade urbana, educação, eficiência energética e vemos cada vez mais espaço para a participação social. Cada conquista reforça a importância de mantermos um olhar estratégico sobre o século das cidades: que seja uma era marcada pela urbanização planejada, pela transformação digital e pela urgência de construir cidades mais inteligentes, inclusivas e resilientes.
Nesse caminho, vejo que três pilares são fundamentais para os próximos passos: a governança colaborativa e inclusiva, que integra a gestão pública, o setor privado e a sociedade em um propósito comum de responsabilidade e colaboração; a sustentabilidade e o combate aos desafios climáticos, sem os quais não há progresso urbano duradouro, já que proteger recursos naturais e adaptar-se às mudanças do clima é essencial para garantir cidades prósperas, respeitosas e resilientes; e, por fim, o conhecimento coletivo e o aprendizado contínuo, que permitem compartilhar experiências bem-sucedidas e replicá-las, acelerando a inovação no Brasil e no mundo.
É no trabalho em rede, conectando mentes inquietas, talentos, tecnologia e propósito, que construiremos cidades capazes de responder aos desafios do século XXI com eficiência, criatividade e humanidade para avançarmos ainda mais neste período inédito na história. O Brasil tem muito a oferecer nessa jornada, e é uma honra seguir representando nosso país no cenário global, aprendendo e compartilhando conhecimento para que nossas cidades sejam, de fato, espaços de convivência social com qualidade.
Que venham os próximos anos do século das cidades!
